quinta-feira, 28 de maio de 2009

"Just a little while back, just before I died in fact. I was on the operating table and I was searching to try to find something to hang onto, you know, cause when you're dying your life really does become very authentic and I was reaching for something to give my life meaning and a memory flashed through my mind: It was one of those great spring days, it was Sunday, and you knew summer would be coming soon. And I remember that morning Dorrie and I had gone for a walk in the park and come back to the apartment. We were just sort of sitting around and I put on a record of Louie Armstrong which was music I grew up with and it was very, very pretty, and I happened to glance over and I saw Dorrie sitting there. And I remember thinking to myself how terrific she was and how much I loved her. And I don't know, I guess it was a combination of everything, the sound of the music, and the breeze, and how beautiful Dorrie looked to me and for one brief moment everything just seemed to come together perfectly and I felt happy, almost indestructible in a way. It's funny, that simple little moment of contact moved me in a very, very profound way."


Woody Allen.

Essa frase é de um filme menos... conhecido e reconhecido dele: Memórias. O roteiro é totalmente Woody, claro. E... é inacreditável como alguém consegue descrever um momento com tanta beleza e precisão. Mais bonito que isso só a cena em que o personagem Sandy faz esse discurso: Charlotte Rampling encarando-nos através da tela. Mais bonito que isso, vide Memórias, só a vida.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Woody Allen apetitoso

Em Vicky Cristina Barcelona, Woody Allen desconstrói dois dos principais paradigmas do amor no mundo moderno através das personagens de Vicky e Cristina, e romantiza uma relação doentia como a de Juan Antonio e María Elena a tal ponto que a gente quase quer ser María Elena, e o público ainda sai do cinema totalmente apaixonado. Pelo filme, pela vida, pelo namorado, pelo cinema, sei lá. Mas que a gente sai inebriado sai. Um filme que faz isso a nós merece ser assistido, re-assistido, pensado, deliciado.
Embora questione com muita acidez o amor, cada momento do filme, repleto de uma música viva, que emociona até os personagens, as cores dignas de um filme do Almodóvar (na terra do Almodóvar!), o convite sedutor de Juan Antonio... tudo nele transborda sentimento.
Saímos do filme sabendo que desejar é muito bom. Que tentar é melhor ainda. Melhor ainda se for à margem da hipocrisia e arrogância burguesas representadas pelas duas personagens título, ou de qualquer outro pré-conceito. Em Barcelona, então, nossa! Se tiver amor, aí, então, nem precisa ser em Barcelona. E a vida, vibrantemente homenageada no filme, não importando as circunstâncias, é a cereja do bolo (delicioso) que Woody Allen nos joga na cara, sem prato nem bandeja.

Sobre "Lust, Caution"

"Mas, se você prestar atenção... nada é trivial"