domingo, 29 de novembro de 2009

I'm amazed

Sugestão do meu tio e padrinho querido, cujo bom gosto me influencia todos os dias:

http://colunas.epoca.globo.com/pelomundo/2009/11/25/a-musica-pela-qual-paul-mccartney-gostaria-de-ser-lembrado-no-futuro/

E que texto bonito, preciso, sincero. Dá até vontade de ser jornalista!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Extraviados

Cara, me deu uma saudade do James Dean!
Aonde foram os rebels (with or) without a cause?

E a juventude de hoje (é, nozes), tão transviada e quase sempre tão mais velha que nossos velhos; aqueles que souberam ser jovens.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Espécie endêmica

Onde já se viu um lugar desses?

Onde você pode ser filho de Iansã, ir na igreja aos domingos e falar do mármore do inferno?

Onde dizem que é feio o presidente errar vocabulário, achando que é os professô erudito que têm que governa nóis. Nóis na fita, tudo mambembe. E os excelentíssimos eruditos argumentano que a língua falada pelo presidente é tão brasileira quanto a que eles falam, ou inté mais!

Onde a gente vai até a Daslu comprar biquíni pra nadar nas águas, (cheias) de graça, da Bahia.

E onde têm até judeu que nem sabe que é judeu!, mas ainda acaba se apaixonado pelo olhar penetrante de sombrancelhas grossas das descendentes de libaneses.
Aí já viu: casam, e nunca é que vão atinar que fizeram o maior Romeu e Julieta.

É, aqui tem Julieta e tem Romeu, mas tirando isso, brasileiro é um bicho muito do estranho. E do bom.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Michael Jackson na sala São Paulo?

Seria legal, mas não é bem isso.
Parece que o vereador Agnaldo Timóteo está preocupado com a memória do rei do pop e com o nome redundante da sala supracitada.
Segue aqui sua brilhante idéia, já encaminhada para o prefeito Kassab:
http://juliapetit.com.br/musica/polemica-5/

Até pro Michael é demais.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Essa é pra te agradecer

pelo momento mágico, pelo tempo perdido e parado que eu dediquei às suas memórias. Através delas atingi(mos) outras. Outras, outras, outras coisas, pessoas, palavras, memórias, momentos, humanos. Não duvide de mim, nessas horas eu não duvido de você. Em outras sim, admito, mas também a dúvida é humana. Mas eu sei que você gosta de lembrar daquilo que é humano. Humano-te, e sei também que pra você isso é o maior dos elogios.

Mário

"O amor deve nascer de correspondências, de excelências interiores. Espirituais, pensava. Os dois se sentem bem juntos. A vida se aproxima. Repartem-na, pois quatro ombros podem mais que dois".

Amar, verbo intransitivo - Mário de Andrade

terça-feira, 25 de agosto de 2009

la vita non è dolce? - Federico, Marcello, Sofia

Todos estamos À Deriva

O novo filme de Heitor Dhalia aparenta ser muito diferente de seu trabalho anterior, O Cheiro do Ralo, que era, literalmente, um filme estranho de gente esquisita. Numa atmosfera suja e degradante, Dhalia construiu um universo de personagens ricos aos quais, embora nos pareça muito difícil no início, acabamos nos afeiçoando.

Em À Deriva, o diretor vai pelo caminho oposto. Na bela paisagem de Búzios, ele constrói um filme solar sobre uma família em férias de verão. Ou não. Aos poucos, os curiosos enquadramentos que buscam sempre os detalhes das cenas quase sempre luminosas revelam o que há nas sombras.
Nesse aspecto talvez resida o principal defeito do filme; o “comportamento” da câmera não se justifica em momento algum, e soa por vezes arrogante, com as trepidações e os enquadramentos inusitados. Mas ao vermos a menina Felipa descobrindo através deles a inevitabilidade do fim do casamento de seus pais e da chegada do mundo adulto com tanto sentimento, como o faz a atriz estreante (descoberta pelo Orkut!) Laura Neiva, é muito fácil ignorar qualquer defeito.

Perdida nesse universo de inevitabilidades, Felipa é a responsável pela sensação que permeia toda a película e, também, pelo seu título. Todos estamos à deriva. Aos poucos, suas angústias tomam conta da tela, conduzindo-nos às de todos os outros personagens. Vincent Cassel, ótimo pai, porém infiel à mulher, Débora Bloch, que está linda e honesta em seu papel, e até os irmãos mais novos da menina estão imersos na crise que se instala à volta deles.

Tanto na primeira quanto na última cena, ambas dentro d’água, a idéia de que estamos vagando, ora imersos, ora na superfície de nós mesmos e do mundo a nossa volta, soa mais bela e reconfortante, e até desejável. Há inúmeras direções que se pode tomar, tanto para melhor quanto para pior, e todas elas estão transbordando de mar.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

"Careers are a 20th century invention and I don't want one"

Uma fala do filme Na Natureza Selvagem (é sempre sobre cinema). Mas a grande questão, no momento, é: I don't want one? É possível não saber? É, eu não sei.

Na faculdade, às vezes sinto inveja dos ternos ambulantes dos alunos de Direito, como se, através deles, reafirmassem a certeza de seu futuro, e do sucesso dele. É uma ilusão, sem dúvidas, e Chris, personagem da história real que deu origem ao filme, tinha isso bem claro em sua cabeça. Mas a verdade é que também não acho que a resposta esteja na natureza selvagem. Há carreiras e, principalmente, personagens de carreiras, aqueles que construíram-nas, que admiro. Mas, antes de tudo, há o medo. Ser aluna era tão confortável, quase quente e macio, como é ser trabalhadora? Mal sei ser universitária, espero aprender ao fim desses quatro anos de faculdade, mas quando é que vou aprender a fazer a tal da carreira? E que carreira, pelamor? Existem tantas!

Tenho um professor que constantemente nos lembra em sala de aula que a universidade nasceu como um lugar destinado a cultivar o conhecimento. Bonito isso, não? Por que diabos eu estou na universidade para aprender um tal de ofício no qual trabalhar, então? O mesmo professor, que dá aula na porra da universidade, diz que as carreiras são todas alienadas, condicionadas, que a gente mal têm controle sobre o que produz através de nosso trabalho... A gente resiste, discute, mas lá no fundo morre de medo de admitir que tem um quê de verdade nessa afirmação. Dá uma vontade de perguntar por que ele está dando aula, sabe?

"Meu senhor, por que é então que o senhor escolheu fazer carreira acadêmica, se a universidade já não é como o senhor acha que deveria ser, e se carreiras são, quase sempre, sinônimo de alienação?" Tenho raiva dele, e o admiro. Sobretudo a carreira que ele fez, na mesma profissão que acho que escolhi. Estranho isso, não? Como pessoa, não sei nada sobre ele, mas deconfio que se soubesse, ele não seria das minhas pessoas preferidas. Quantas contradições... e achei que já estava acostumada a elas; a vida têm tantas!

Talvez a grande questão seja outra: Por que é que admiro a carreira do cara que diz que carreiras não são as coisas mais legais do mundo? Trabalhar não deve ser a coisa mais legal do mundo mesmo, mas quem sabe? E se eu acabar admirando a minha carreira? Será? Mas estudar é legal, eu sempre fui estudante, e olha só, estou aqui, feliz e sadia. Não posso estudar a vida toda, não? Quem me conhece talvez pense algo como "Que é isso? E você lá é disciplinada e estudiosa?" ou "E a balada de sábado, não vai mais rolar?".
É, muitas contradições. A questão, seja lá qual for, permanece sem resposta.

Isso me lembra um outro filme. Beleza Roubada. Pelas lentes de Bertolucci, Liv Tyler vai à Toscana e descobre uma solução, uma resposta; para uma pergunta. No pacote, vêm outros milhares de mistérios. Toda vez que chego ao final desse filme me pego pensando quase sempre a mesma coisa, comovida nem sei bem com o quê: "que bonito isso". Isso o quê? Também não consigo explicar, acho. Mas pode ser apenas que não queria explicar mesmo. Vai saber.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

"Sob a lua, num velho trapiche abandonado..."

Saudades de Pedro Bala e da Bahia vadia e irresistível de Jorge Amado.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Michael e Eu

Afinal, o que diabos eu teria a ver com ele, não é mesmo? Com meus atuais 20 anos, tão pequeninos comparados com essa vida longa, distante e quase fantástica que ele parece ter vivido antes de mim. Quando nasci ele ainda vivia, pelo que sei. Lembro-me de uma jaqueta dourada, num show, e uma melodia que nunca me saiu da memória. Lembro, também, de um toco de gente (eu), vestido de rosa, tentando imitar um certo passo de dança embaixo da escada da minha ensolarada casa.

No mais, cresci sem notá-lo por algum tempo, mas não muito. Ouvi Billie Jean uma vez, e era tudo que eu precisava ( e quem não precisa de Billie Jean?), e minha mãe, ouvindo comigo, contou-me a delícia que foi descobrir essa música absolutamente incrível em 1983, quando até o chão acendia para ele passar.

Quando a ouvi, já nos anos 2000, não. Seu chão, seu mundo: cinzas, escuros, em contraste com sua pele agora branca. Apagaram Michael Jackson. (Dentro de mim, o toquinho vestido de rosa ainda pergunta como é que alguém poderia apagar a jaqueta dourada tão brilhante!) Nas palavras do jornalista Gay Talese, a imprensa norte-americana, e desconfio que muitas outras: mataram-no, condenaram-no à pedofilia, da qual os tribunais, por sinal, absolveram-no... Condenaram-no não somente à excentricidade, que não é em si um defeito, mas ao isolamento, num tom quase acusatório, como se a esolha fosse dele.

Nessas mesmas circunstâncias, Michael foi encontrado morto e houve, então, aquele funeral dez vezes mais assustador do que o clipe Thriller (do qual não enjôo, só para constar). O tal do showneral. Se, enquanto vivia, transformaram-no numa figura morimbunda, o funeral foi sua ressureição duvidosa e, em minha opinião pessoal, de mau gosto. Não que assistir a Stevie Wonder tocar seja desagradável, mas... Alguém mais ficou com uma sensação incômoda no estômago de poder acompanhar o funeral de Michael Jackson de qualquer lugar no mundo?

"É o mundo globalizado", algém vai dizer, eu sei, e a há uma parte de mim que quer acreditar que foi a melhor maneira de nos despedirmos dele. O Rei do POP mereceria um funeral POP. Mas sempre me pego pensando em como não houve despedida em seu primeiro enterro. Mataram quem Michael era, a eterna criança, o talento indiscutível e irresistível, sem qualquer cerimÔnia. O ídolo de Billie Jean tornou-se o pedófilo carente e assustadoramente insatisfeito com sua aparência.

É claro que não sou capaz de julgar e de decidir sobre sua inocência, mas, por isso mesmo pergunto: quem lhe deu tal setença o era? A mesma sociedade carente, obcecada pela aparência, insegura, continuamente insatisfeita, que despediu-se dele de forma quase tão adorável e incomum quanto ele? Também me pergunto se Michael Jackson não era somente um retrato fiel do que somos.

Essa idéia me assusta, mas a verdade é que sua morte me assustou e marcou profundamente. Talvez seja a lembrança que tenho ao pé da escada, ao som da melodia que agora, depois de sua morte, reconheci na sensacional Black or White. Ou o sorriso da minha mãe todas as vezes que ela ouve Billie Jean (e são tantas!). Mais que isso, acredito que Michael Jackson escancarou através de si essa faceta do nosso mundo que todos conhecem e ninguém que revelar. Quantos, como eu, não se sentiram carentes e desamparados com a notícia de sua morte?

Talvez acreditássemos que Michael jamais fosse morrer, e talvez a figura esdrúxula que ele se tornou seja resultado de sua tentativa de não partir jamais. Posso imaginar sua dor durante seus últimos anos de vida; anos de ostracismo. Ao menos sua morte lhe garantiu isso: duvido que alguém vá esquecê-lo, independente da forma como será lembrado por cada um.

Quanto a mim, guardo com profundo carinho essas e outras poucas memórias do rei do POP. O talento genuíno, a música dançante, a jaqueta dourada, a voz que julguei fina demais nas músicas do Jackson 5, e, por fim, a suavidade de seus passos, mas sobretudo de seu sorriso, ao executar o famoso moonwalk.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Dançando

Ela caiu como que de propósito. E era de propósito. Sentada, assintindo, sentindo, eu caí junto. Subiu e riu. Eu? Sorri. Dançou, dançou, dançou. Dançou tudo: dor, medo, alegria, prazer e mais. Contagiou a todos.

É que o prazer era palpável. Assisti-la dançando tudo tão lindo. O maior prazer de todos foi mesmo ver o prazer dela em dançar para nós ali. Esse era o tal do prazer palpável, e, claro, dançável. Poder dançar como forma de se expressar... Eu acho isso lindo.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

"Just a little while back, just before I died in fact. I was on the operating table and I was searching to try to find something to hang onto, you know, cause when you're dying your life really does become very authentic and I was reaching for something to give my life meaning and a memory flashed through my mind: It was one of those great spring days, it was Sunday, and you knew summer would be coming soon. And I remember that morning Dorrie and I had gone for a walk in the park and come back to the apartment. We were just sort of sitting around and I put on a record of Louie Armstrong which was music I grew up with and it was very, very pretty, and I happened to glance over and I saw Dorrie sitting there. And I remember thinking to myself how terrific she was and how much I loved her. And I don't know, I guess it was a combination of everything, the sound of the music, and the breeze, and how beautiful Dorrie looked to me and for one brief moment everything just seemed to come together perfectly and I felt happy, almost indestructible in a way. It's funny, that simple little moment of contact moved me in a very, very profound way."


Woody Allen.

Essa frase é de um filme menos... conhecido e reconhecido dele: Memórias. O roteiro é totalmente Woody, claro. E... é inacreditável como alguém consegue descrever um momento com tanta beleza e precisão. Mais bonito que isso só a cena em que o personagem Sandy faz esse discurso: Charlotte Rampling encarando-nos através da tela. Mais bonito que isso, vide Memórias, só a vida.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Woody Allen apetitoso

Em Vicky Cristina Barcelona, Woody Allen desconstrói dois dos principais paradigmas do amor no mundo moderno através das personagens de Vicky e Cristina, e romantiza uma relação doentia como a de Juan Antonio e María Elena a tal ponto que a gente quase quer ser María Elena, e o público ainda sai do cinema totalmente apaixonado. Pelo filme, pela vida, pelo namorado, pelo cinema, sei lá. Mas que a gente sai inebriado sai. Um filme que faz isso a nós merece ser assistido, re-assistido, pensado, deliciado.
Embora questione com muita acidez o amor, cada momento do filme, repleto de uma música viva, que emociona até os personagens, as cores dignas de um filme do Almodóvar (na terra do Almodóvar!), o convite sedutor de Juan Antonio... tudo nele transborda sentimento.
Saímos do filme sabendo que desejar é muito bom. Que tentar é melhor ainda. Melhor ainda se for à margem da hipocrisia e arrogância burguesas representadas pelas duas personagens título, ou de qualquer outro pré-conceito. Em Barcelona, então, nossa! Se tiver amor, aí, então, nem precisa ser em Barcelona. E a vida, vibrantemente homenageada no filme, não importando as circunstâncias, é a cereja do bolo (delicioso) que Woody Allen nos joga na cara, sem prato nem bandeja.

Sobre "Lust, Caution"

"Mas, se você prestar atenção... nada é trivial"

segunda-feira, 30 de março de 2009